O QUE É SOCIOLOGIA

“... Ele morreu esta manhã, entre 11 e 12 horas, subitamente, ao entregar um número da Revue a um caixeiro de livraria que acabava de comprá-lo; ele se curvou sobre si mesmo, sem proferir uma única palavra: estava morto...”

Paris, 31 de março de 1869.

PARA QUE SERVE A SOCIOLOGIA

Postado por Cristiano Bodart às 19:24 0 comentários Marcadores: Conceitos sociológicos, Sobre a Sociologia, vídeos

CUBA o segundo País mais Espírita do Mundo

La AME busca llevar el alma a la Medicina, en su doble sentido.

Estudia, investiga y trata de comprobar

la existencia del espíritu inmortal, y al mismo

tiempo resalta el valor del calor humano y

la solidaridad, en el amparo

al paciente.

“Cuba, o segundo país mais espírita do mundo”

Cláudia Santos

Aproximadamente 50 representantes de sete países, além de 200 cubanos, estiveram reunidos, de 23 a 26 de abril de 2008, no Hotel Habana Riviera, em Havana, para a realização do II Taller Espírita de Cuba, simpósio promovido pela Sociedad Amor y Caridad Universal de Havana, dirigida por Antonio Agramonte. Com o tema A Paz Mundial Nasce no Espírito do Bem, a segunda edição do evento – a primeira aconteceu há quatro anos – teve o auxílio do Conselho Espírita Internacional, através do seu núcleo, ligado à América Central e ao Caribe, e o apoio do governo cubano, inclusive para hospedagem de alguns dos participantes internacionais. Durante o evento foi fundada a Associação Médico-Espírita de Cuba (AME-Cuba), agora a maior em número de militantes, ligada à AME-Internacional.

Participaram do simpósio, como palestrantes, Nestor Masotti, secretário-geral do Conselho Espírita Internacional (CEI) e presidente da Federação Espírita Brasileira (FEB); Charles Kempf, representante da França e do CEI Europa; e Divaldo Pereira Franco, orador da solenidade de abertura e encerramento. Além deles, os principais responsáveis pela realização do evento, em virtude dos elos que mantêm há vários anos com as lideranças do Movimento Espírita e as autoridades de Cuba: Edwin Bravo, da Guatemala, representante do CEI para Centro-América e Caribe; e Manuel de la Cruz, cubano residente em Miami e presidente do Centro Espírita José de la Luz. O evento contou ainda com a presença de espíritas da Guatemala, EUA, El Salvador, Honduras, México, Porto Rico, Colômbia, Panamá e França, além dos médicos oradores brasileiros Claudio Campos Borges e Sergio Thiesen, e o engenheiro Ney Prieto Peres.

Na solenidade inaugural, o Governo de Cuba esteve representado pela ministra das Religiões, Caridad Diego Bello, e suas assessoras Eloisa Valdes e Sonia Garcia, que acompanharam, com interesse, a palestra de Divaldo Franco. Ao final, a própria ministra saudou a todos de forma cordial, apresentando dados surpreendentes sobre o ressurgimento do Espiritismo em Cuba.

Marlene Nobre, a presidente das Associações Médico-Espíritas do Brasil e Internacional, que também esteve presente como palestrante das entidades citadas, conta, abaixo, um pouco do que viu e sentiu:

Folha Espírita – O primeiro Taller aconteceu em Cuba há quatro anos. O que aquele, como este, refletem?
Marlene Nobre – Sem dúvida, os dois eventos espelham a grande abertura do país para o renascimento das religiões.

FE – Por que o Governo de Cuba apoiou um evento como este?
Marlene – Pela mesma razão que o levou a legalizar as religiões, quer dizer, através de eventos como este, ele pode acompanhar o ressurgimento delas e o rumo que estão tomando, inclusive, o linguajar que empregam nas trocas de experiências com outros países.

FE – Qual sua percepção sobre o país com o afastamento de seu líder, Fidel Castro?
Marlene – Não pude ter uma visão de conjunto do país, no que se refere ao movimento político, sobretudo, porque não nos movia esse tipo de interesse, mas, sim, o religioso. Soubemos, através das autoridades cubanas, que saúde e educação são bens usufruídos, gratuitamente, pela população. Pudemos notar que o povo cubano aprendeu a obedecer e tem cultivado um nacionalismo contagiante. Mas, sem dúvida, para que o povo possa usufruir mais amplamente das riquezas do país, faz-se necessário um desenvolvimento econômico maior, com mais amplitude e diversificação de trabalho. Não tive como comparar, mas constata-se que houve abertura no país com o afastamento de Fidel.

FE – E com relação ao Espiritismo localmente?
Marlene – A mudança em relação ao Espiritismo ocorreu antes da retirada de Fidel Castro do poder e tem se acentuado com o tempo. Na verdade, o ressurgimento do Espiritismo em Cuba é algo extraordinário. Na solenidade de abertura do II Taller, tivemos informações transmitidas diretamente pela ministra das Religiões, Caridad Diego Bello, de que há 400 centros espíritas em Cuba, já legalizados, e 200 em vias de legalização. Como vemos, a abertura religiosa é agora tutelada pelo governo, que tem dado todo o acompanhamento para que essa legalização se processe. E ela tem sido efetiva e irreversível. Com isso, pudemos constatar a presença de irmãos de outras cidades cubanas que tiveram passe livre para viajar a Havana e participar do evento.

FE – Esses centros são todos realmente espíritas?
Marlene – A ministra Caridad explicou que estão sendo legalizados centros espíritas de três modalidades: os de “cordão”, cujos participantes fazem as sessões de mãos dadas; os “trincadistas”, que não consideram Espiritismo religião; e os que seguem os ensinamentos de José de la Luz e Allan Kardec. Assim, com espanto, constatamos que Cuba é o 2º país mais espírita do mundo. E as contas não são difíceis de serem feitas: se dos 600 centros espíritas, somente 100 ou mesmo 70 forem realmente kardecistas, já aí teremos um número muito grande em relação aos demais países.

FE – Quem foi José de la Luz?
Marlene – Não sei praticamente nada da obra de José de la Luz, porque não li, não a tenho disponível. Antonio Agramonte disse algumas palavras sobre isso, afirmando que José de la Luz foi o guia espiritual do médium Cláudio Agramonte, um dos pioneiros do Espiritismo em Cuba, e que deixou diversas obras psicografadas. Os que conhecem essas obras afirmam que se trata dos mesmos ensinamentos espíritas.

FE – Cuba tem algo especial em relação ao Espiritismo?
Marlene – Como eu disse, sua legalização permitiu o ressurgimento de um movimento que sempre foi muito rico desde o século XIX e que continuará a dar bons frutos.

FE – Editoras brasileiras estiveram presentes no evento?
Marlene – A Folha Espírita Editora compareceu com duas obras: El Clamor de la Vida e El Alma de la Materia, ambos de minha autoria. Ao todo, foram cerca de 100 livros, vendidos a preço simbólico, e que desapareceram tão rapidamente quanto foram colocados à venda. O dr. Claudio Campos Borges, de Ceres, Goiás, levou livros da Editora Auta de Souza com ensinamentos básicos de Kardec. Creio que foram as duas editoras presentes. Não houve mais, creio eu, porque os irmãos brasileiros ficaram na dúvida se poderiam levar ou não.

FE – Os cubanos estão sedentos por literatura espírita?
Marlene – Sim e, por sugestão da ministra Caridad, será possível ao Movimento Espírita enviar a Cuba um contêiner de livros, o que satisfará, de alguma maneira, a sede dos irmãos cubanos por instruções espíritas. Sem dúvida, auxiliará a legalização de mais centros espíritas, segundo os verdadeiros moldes, quer dizer, segundo Allan Kardec. A ministra não limitou o número de livros, nem deu preferência para algum em particular. Os livros de todas as editoras espíritas são bem-vindos. E a abertura é para todas as religiões. Cada uma delas tem o acompanhamento de assessores da ministra e é monitorada.

FE – Com relação à AME-Cuba, ela traz algo de diferente das demais internacionais?
Marlene – Em 25 de abril fundamos a AME-Cuba, como núcleo da AME-Internacional, tendo à frente o colega dr. Servando Agramonte. São cinco os membros da diretoria, todos médicos, eleitos na ocasião. Além deles, mais colegas estiveram presentes à reunião de fundação, o que nos deixou verdadeiramente surpresos, porque já faz da AME-Cuba um membro efetivo, com o maior número de militantes.

FE – Aconteceu algo em Cuba que a senhora gostaria de compartilhar com os leitores da FE?
Marlene – Creio que tudo quanto aconteceu em Cuba foi inesperado e alentador. Teatro, canto e um coral cubano marcaram a solenidade final, que teve também a conferência sempre brilhante de Divaldo Franco. Foi bem sugestivo o fato de termos terminado o evento na Igreja Episcopal de Cuba – templo católico anglicano – que nos abriu as portas para a confraternização. Toda a solenidade foi montada com liberdade e levada a efeito pelos espíritas do II Taller. Isso já nos dá o tom do movimento religioso que está se consolidando em Cuba. Sem dúvida, um belo convite para praticarmos o ecumenismo aqui mesmo, em nosso próprio país.

“Constatei, emocionada, que os irmãos cubanos têm grande avidez por livros espíritas. O anseio por leitura realmente é muito grande”.

“Por toda a atenção e deferência que recebemos do Governo de Cuba, elevamos, após a nossa palestra no evento, uma prece de agradecimento a Deus, em benefício da saúde do irmão Fidel Castro”.

O Espiritismo em Cuba:

· 1856 – Notícias de fenômenos espíritas em diversas províncias.

· 1870 – Surgem as primeiras publicações espíritas em Cuba.

· 1889 e 1890 – Participação dos cubanos nos congressos espíritas internacionais, em especial nos de Barcelona e Paris, em cujos anais foram relacionadas a existência de diversas sociedades espíritas em Cuba.

· 1890 – Criada a Federação Espiritista Nacional de Cuba (que em 1941 mudou o nome para confederação) com 20 instituições.

· 1920 – Realizado o 1º Congresso Espírita de Cuba, com 562 delegados e 113 centros.

· 1922 – Criada a Federação Nacional Espírita de Cuba.

· 1934 – Participação de cubanos no 5º Congresso Espírita Internacional em Paris, onde foi sugerida a aglutinação dos espiritistas em concentrações nacionais. O maior incentivador em Cuba foi Manuel Garcia Consuegra.

· 1935 a 1949 – Realizadas 15 Concentrações Nacionais Espiritistas nas diversas províncias de Cuba, no período de 29 a 31 de março, coincidindo com a data de desencarne de Allan Kardec.

· 1941 – Constituído o Conselho Executivo da Confederação Nacional Espiritista de Cuba (participaram dele Luiz Guerrero Ovalle e Cláudio Agramonte).

· 1942 – Constituem-se quatro Federações Espíritas Provinciais.

· 1948 – Desvelado o busto a Allan Kardec que fora cedido a A Clínica da Alma, que parece ter sido fundada em 1942.

· 1949 – Designada representação cubana (Miguel S. Barciera e Miguel Guerrero Ovalle) para um congresso que seria realizado no Rio de Janeiro, em 3 de outubro do mesmo ano.

· 1953 – de 3 a 10 de outubro, realiza-se em Cuba o 3º Congresso Espírita Pan-Americano, que recebe delegações de diversos países: Argentina, Brasil, Colômbia, EUA, México, Porto Rico e Venezuela.· 1957 – Cuba participa, em outubro, do 4º Congresso Espírita Pan-Americano que se realizou em São João de Porto Rico, representado por Santiesteban e Medina.

· 1963 – Interrompidos os atos espíritas públicos.

· 2002 – Realizada a 1ª conferência pública oficial.

· 2004 – Realizado o 1º Taller Espírita Internacional oficial.

AME-Internacional
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quarta-feira, 20 de abril de 2011

VISÃO ESPÍRITA DA PÁSCOA

Eis-nos, uma vez mais, às vésperas de mais uma Páscoa. Nosso pensamento e nossa emoção, ambos cristãos, manifestam nossa sensibilidade psíquica. Deixando de lado o apelo comercial da data, e o caráter de festividade familiar, a exemplo do Natal, nossa atenção e consciência espíritas requerem uma explicação plausível do significado da data e de sua representação perante o contexto filosófico-científico-moral da Doutrina Espírita.
Deve-se comemorar a Páscoa? Que tipo de celebração, evento ou homenagem é permitida nas instituições espíritas? Como o Espiritismo visualiza o acontecimento da paixão, crucificação, morte e ressurreição de Jesus? Em linhas gerais, as instituições espíritas não celebram a Páscoa, nem programam situações específicas para “marcar” a data, como fazem as demais religiões ou filosofias “cristãs”. Todavia, o sentimento de religiosidade que é particular de cada ser-Espírito, é, pela Doutrina Espírita, respeitado, de modo que qualquer manifestação pessoal ou, mesmo, coletiva, acerca da Páscoa não é proibida, nem desaconselhada.
O certo é que a figura de Jesus assume posição privilegiada no contexto espírita, dizendo-se, inclusive, que a moral de Jesus serve de base para a moral do Espiritismo. Assim, como as pessoas, via de regra, são lembradas, em nossa cultura, pelo que fizeram e reverenciadas nas datas principais de sua existência corpórea (nascimento e morte), é absolutamente comum e verdadeiro lembrarmo-nos das pessoas que nos são caras ou importantes nestas datas. Não há, francamente, nenhum mal nisso. Mas, como o Espiritismo não tem dogmas, sacramentos, rituais ou liturgias, a forma de encarar a Páscoa (ou a Natividade) de Jesus, assume uma conotação bastante peculiar. Antes de mencionarmos a significação espírita da Páscoa, faz-se necessário buscar, no tempo, na História da Humanidade, as referências ao acontecimento.
A Páscoa, primeiramente, não é, de maneira inicial, relacionada ao martírio e sacrifício de Jesus. Veja-se, por exemplo, no Evangelho de Lucas (cap. 22, versículos 15 e 16), a menção, do próprio Cristo, ao evento: “Tenho desejado ansiosamente comer convosco esta Páscoa, antes da minha paixão. Porque vos declaro que não tornarei a comer, até que ela se cumpra no Reino de Deus.” Evidente, aí, a referência de que a Páscoa já era uma “comemoração”, na época de Jesus, uma festa cultural e, portanto, o que fez a Igreja foi “aproveitar-se” do sentido da festa, para adaptá-la, dando-lhe um novo significado, associando-o à “imolação” de Jesus, no pós-julgamento, na execução da sentença de Pilatos.
Historicamente, a Páscoa é a junção de duas festividades muito antigas, comuns entre os povos primitivos, e alimentada pelos judeus, à época de Jesus. Fala-se do “pesah”, uma dança cultural, representando a vida dos povos nômades, numa fase em que a vinculação à terra (com a noção de propriedade) ainda não era flagrante. Também estava associada à “festa dos ázimos”, uma homenagem que os agricultores sedentários faziam às divindades, em razão do início da época da colheita do trigo, agradecendo aos Céus, pela fartura da produção agrícola, da qual saciavam a fome de suas famílias, e propiciavam as trocas nos mercados da época. Ambas eram comemoradas no mês de abril (nisan) e, a partir do evento bíblico denominado “êxodo” (fuga do povo hebreu do Egito), em torno de 1441 a.C., passaram a ser reverenciadas juntas. É esta a Páscoa que o Cristo desejou comemorar junto dos seus mais caros, por ocasião da última ceia. Logo após a celebração, foram todos para o Getsêmani, onde os discípulos invigilantes adormeceram, tendo sido o palco do beijo da traição e da prisão do Nazareno.
Mas há outros elementos “evangélicos” que marcam a Páscoa. Isto porque as vinculações religiosas apontam para a quinta e a sexta-feira santas, o sábado de aleluia e o domingo de páscoa. Os primeiros relacionam-se ao “martírio”, ao sofrimento de Jesus – tão bem retratado neste último filme hollyodiano ("A PAIXÃO DE CRISTO", segundo Mel Gibson) –, e os últimos, à ressurreição e a ascensão de Jesus. No que concerne à ressurreição, podemos dizer que a interpretação tradicional aponta para a possibilidade da mantença da estrutura corporal do Cristo, no post-mortem, situação totalmente rechaçada pela ciência, em virtude do apodrecimento e deterioração do envoltório físico. As Igrejas cristãs insistem na hipótese do Cristo ter “subido aos Céus” em corpo e alma, e fará o mesmo em relação a todos os “eleitos” no chamado “juízo final”. Isto é, pessoas que morreram, pelos séculos afora, cujos corpos já foram decompostos e reaproveitados pela terra, ressurgirão, perfeitos, reconstituindo as estruturas orgânicas, do dia do julgamento, onde o Cristo, separá justos e ímpios.
A lógica e o bom-senso espíritas abominam tal teoria, pela impossibilidade física e pela injustiça moral. Afinal, com a lei dos renascimentos, estabelece-se um critério mais justo para aferir a “competência” ou a “qualificação” de todos os Espíritos. Com “tantas oportunidades quanto sejam necessárias”, no “nascer de novo”, é possível a todos progredirem. Mas, como explicar, então as “aparições” de Jesus, nos quarenta dias póstumos, mencionadas pelos religiosos na alusão à Páscoa? A fenomenologia espírita (mediúnica) aponta para as manifestações psíquicas descritas como mediunidades. Em algumas ocasiões, como a conversa com Maria de Magdala, que havia ido até o sepulcro para depositar algumas flores e orar, perguntando a Jesus – como se fosse o jardineiro – após ver a lápide removida, “para onde levaram o corpo do Raboni”, podemos estar diante da “materialização”, isto é, a utilização defluido ectoplásmico – de seres encarnados – para possibilitar que o Espírito seja visto (por todos). Igual circunstância se dá, também, no colóquio de Tomécom os demais discípulos, que já haviam “visto” Jesus, de que ele só acreditaria, se “colocasse as mãos nas chagas do Cristo”.
E isto, em verdade, pelos relatos bíblicos, acontece. Noutras situações, estamos diante de uma outra manifestação psíquica conhecida, a mediunidade de vidência, quando, pelo uso de faculdades mediúnicas, alguém pode ver os Espíritos.
A Páscoa, em verdade, pela interpretação das religiões e seitas tradicionais, acha-se envolta num preocupante e negativo contexto de culpa. Afinal, acredita-se que Jesus teria padecido em razão dos “nossos” pecados, numa alusão descabida de que todo o sofrimento de Jesus teria sido realizado para “nos salvar”, dos nossos próprios erros, ou dos erros cometidos por nossos ancestrais, em especial, os “bíblicos” Adão e Eva, no Paraíso. A presença do “cordeiro imolado”, que cumpre as profecias do Antigo Testamento, quanto à perseguição e violência contra o “filho de Deus”, está flagrantemente aposta em todas as igrejas, nos crucifixos e nos quadros que relatam – em cores vivas – as fases da via sacra. Esta tradição judaico-cristã da “culpa” é a grande diferença entre a Páscoa tradicional e a Páscoa espírita, se é que esta última existe. Em verdade, nós espíritas devemos reconhecer a data da Páscoa como a grande – e última lição – de Jesus, que vence as iniqüidades, que retorna triunfante, que prossegue sua cátedra pedagógica, para asseverar que “permaneceria eternamente conosco”, na direção bussolar de nossos passos, doravante.
Nestes dias de festas materiais e/ou lembranças do sofrimento do Rabi, possamos nós encarar a Páscoa como o momento de transformação, a Vera evocação de liberdade, pois, uma vez despojado do envoltório corporal, pôde Jesus retornar ao Plano Espiritual para, de lá, continuar “coordenando” o processo depurativo de nosso orbe. Longe da remissão da celebração de uma festa pastoral ou agrícola, ou da libertação de um povo oprimido, ou da ressurreição de Jesus, possa ela ser encarada por nós, espíritas, como a vitória real da vida sobre a morte, pela certeza da imortalidade e da reencarnação, porque a vida, em essência, só pode ser conceituada como o amor, calcado nos grandes exemplos da própria existência de Jesus, de amor ao próximo e de valorização da própria vida.
Nesta Páscoa, assim, quando estiveres junto aos teus mais caros, lembra-te de reverenciar os belos exemplos de Jesus, que o imortalizam e que nos guiam para, um dia, também estarmos na condição experimentada por ele, qual seja a de “sermos deuses”, “fazendo brilhar a nossa luz”. Comemore, então, meu amigo, uma “outra” Páscoa. A sua Páscoa, a da sua transformação, rumo a uma vida plena.

Marcelo Henrique - Diretor de Política e Metodologias de Comunicação, da ABRADE (Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo) e Delegado da CEPA (Confederação Espírita Pan-Americana) para a Grande Florianópolis-SC.

Fonte: Terra Espiritual e Luz Espírita http://espiritismoemmovimento.blogspot.com

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